Os activos intangíveis na criação de valor

Uma das grandes transições económicas que vêm sucedendo nestes últimos anos está relacionada com o tipo de activos das organizações e o seu papel no processo de criação de valor.
De facto, com o surgimento das sociedades baseadas nas tecnologias de informação, assiste-se a uma clara substituição dos componentes de formação de valor nas organizações, que anteriormente se baseavam nos seus activos físicos, para um cenário em que os activos intangíveis se tornam nos elementos mais importantes na criação de valor nas organizações.
Este aspecto torna-se muito importante para a gestão de uma empresa, pois as ferramentas de medição e reporte baseadas nas técnicas financeiras contabilísticas, anteriormente eficazes para gerir activos físicos tangíveis, vêm perdendo o seu peso e importância.
Estima-se hoje em dia que uma organização a operar num mercado competitivo, apenas um quarto das suas fontes de valor e riqueza se baseiam nos activos físicos tangíveis, sendo a maior parte da criação de valor originada por bens de conhecimento, informação e tecnologia, ou seja, em bens intangíveis, não mensuráveis pelas tradicionais ferramentas financeiras.

Esta transição na criação de valor dos activos físicos tangíveis para os activos intangíveis, tem implicações muito importantes para os sistemas de medição organizacional.
Assim, neste ambiente económico em que o prémio maioritário recai sobre os mecanismos intangíveis da criação de valor, obriga as organizações a utilizar métodos mais elaborados na medição das respectivas performances.
Esta maior elaboração na medição de activos como a informação, o conhecimento e os meios tecnológicos, deve-se essencialmente à diferente natureza do valor criado por estes activos intangíveis relativamente ao valor criado pelos activos físicos puros.

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Os arquitectos do Balanced Scorecard, Kaplan e Norton, sugeriram em resposta a esta problemática, vários factores de diferenciação entre estes dois tipos de fontes de valor de uma empresa:

Os activos intangíveis podem não ter um impacto directo nos resultados financeiros da organização;

O valor dos activos intangíveis é largamente potencial e por isso tem de ser alvo de transformação;

Os activos intangíveis requerem interdependência para poderem ser bem sucedidos.

Deste modo, para uma organização conseguir extrair o valor real dos seus activos intangíveis, terá de garantir que estes vão ser alvo de processos de transformação e têm de estar interligados entre si.

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Esta interdependência de objectivos é representada no Balanced Scorecard pelas ligações causa-efeito. Deste modo, criam-se hipóteses sobre como as transformações operadas em bens intangíveis podem conduzir ao cumprimento estratégico e melhorar os resultados financeiros.
É através deste processo de causa-efeito que o desenvolvimento de um Scorecard força a um exame crítico da estratégia da organização, e descreve o modo como, por exemplo, um determinado investimento em aptidões dos funcionários (na perspectiva de aprendizagem), vai afectar directamente os processos internos, e indirectamente os aspectos relacionados com o cliente e com a performance financeira.

In Capº 1.3, Págª 35, Livro Balanced Scorecard em Portugal de Rui Almeida Santos, Gestão Plus Edições

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